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Bola na área, em cima da mesa

Renato Russo cantava que Eduardo “jogava futebol de botão com seu avô”. O esporte não olha a data de nascimento, apenas sua vontade de jogar.

O que era para ser brincadeira de criança é um esporte sério, com federações organizadas, campeonatos e praticantes muito dedicados. O futebol de mesa, também conhecido como futebol de botão ou futmesa, simula uma partida de campo em uma mesa de no máximo 2,00 X 1,40 m. Para quem acha que é craque e sabe tudo sobre futebol de botão, é bom rever os conceitos.



A medida dos botões pode variar entre 4,5 e 6,0 cm de diâmetro. O material é acrílico maciço e um jogo completo de botões pode chegar a R$200,00. O par de traves metálicas, e o goleiro de acrílico podem custar R$30,00 cada. As palhetas custam entre cinco e dez reais, de acordo com o acabamento. A mesa oficial e o cavalete de apoio podem ser encontrados por R$ 345,00. A bola usada nos jogos é o item mais barato, R$ 5,00. E é redonda, diferente dos discões que muita gente estava acostumada a jogar. Feita de feltro (material obtido da união de fibras para a qual não concorre a utilização de colas, gomas ou resinas), a pelotinha requer maior controle dos jogadores. Para se ter uma ideia, a caixa com dois times, goleiros e traves que muita gente jogou na infância pode se encontrada por menos de R$ 10,00.

O jogo oficial também tem regras definidas. A “Regra Três Toques” ou “Carioca” foi elaborada por vários botonistas (jogadores) no fim da década de 1960, a partir das regras que já eram usadas. A ‘sacada’ era fazer com que as regras jogadas no futebol de botão, ficassem o mais parecido possível com as regras do futebol de campo. A duração de cada partida é de 50 minutos, constituídos de dois períodos de 25 minutos cada, com intervalo de cinco minutos entre os mesmos. Após o intervalo deverá ocorrer, obrigatoriamente, a mudança de lado pelos dois times. Todas as partidas devem ter um juiz.

Bem vindo ao clube

Em Belo Horizonte, o ponto de encontro dos botonistas é o Grêmio Mineiro Futmesa, que fica na sala 422 no ginásio do Mineirinho. Os jogos são realizados todos os sábados, das 13h às 18h30. Os filiados pagam uma taxa de R$ 15,00 ao mês, o que dá direito ao botonista usar toda a estrutura e participar dos torneios internos. Já para participar de campeonatos representando o clube, o botonista iniciante deve se cadastrar na Federação Brasileira de Futebol de Mesa, pagando uma taxa de R$100,00 que pode ser dividida em até 10 vezes. Ao todo são 16 mesas no tamanho oficial (nivelada a uma altura de 750 mm do solo e apoiada sobre cavaletes ou pés fixos). O clube é Tetracampeão Brasileiro de Futebol de Mesa na “Regra Três Toques”.

Vander Jesus Felipe, de 47 anos, é almoxarife e um dos fundadores do Grêmio, surgido há 28 anos. É tricampeão brasileiro da modalidade, o que lhe rendeu homenagens do Clube Atlético Mineiro, time do coração e que dá nome aos botões com os quais ele joga. Ele diz que apenas os clubes de São Paulo e do Rio de Janeiro tem algum tipo de patrocínio; tanto para as competições regionais quanto para as nacionais.

A participação de mulheres nesse esporte é mínima. Em Minas, não existem jogadoras oficiais e as poucas representantes do sexo estão concentradas no eixo Rio-São Paulo. “Acho que o futmesa é o único esporte em que homens e mulheres jogam juntos”, acredita Vander. De fato, não há separação de gênero nas competições oficiais. Talvez, o maior fator para que as competições sejam mistas, é o desinteresse do público feminino para esta modalidade esportiva.

A palheta pode ser o mouse

Ao entrar na sala do Mineirinho, ao invés de encontrar crianças e jovens brincando com os botões, há vários marmanjos com mais de 25 anos, concentrados nos jogos, tudo com um clima de competição. Alguns até deitam na mesa para fazer a melhor jogada. O estudante Guilherme Morais, 27 anos, visitou pela primeira vez o Grêmio e logo demonstrou intimidade com a palheta. “Desde menino eu jogava, mas jogava com o discão, não com essa bolinha”, diz. Para ele, o controle tem que ser maior, mas ele logo se acostumou com a bola, jogando uma partida com o primo, mais experiente.



Na era digital em que crianças se divertem na frente do computador ou com as manetes do vídeo-game, é difícil imaginar que o futebol de mesa possa ter adeptos entre as novas gerações. Mas Guilherme esteve prestes a mudar a situação. Estudante de jogos digitais, ele desenvolveu um projeto para passar o futmesa para a tela do computador. “Não foi pra frente porque ainda estamos no início do curso. Mas é possível fazer e eu ainda quero por em prática”, comenta. Para ele, ainda é possível fascinar os jovens para esse esporte levado a sério por muita gente. “Se divulgar mais, dá para estimular as pessoas a praticar o futmesa. Variar de esporte é sempre bom”.


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