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segunda-feira, 17 de maio de 2010

Vida ao útil: objetos são os protaganistas do II Fito BH



Bia Prata e Paolo Xavier


O que é saca-rolha? Um instrumento que serve para sacar as rolhas, uai! Assim diria um autêntico mineiro. Mas intrépidos artistas provam que um saca-rolha pode ser muito mais que o próprio nome sugere e fazem dele uma graciosa bailarina. O II Festival Internacional Teatro de Objetos trouxe para Serraria Sousa Pinto, em BH, essa e outras surpresas. Os artistas encantaram adultos e crianças com performances inusitadas, usando objetos de uso cotidiano. O festival prova que está se consolidando e o publico teve a oportunidade de conhecer um pouco mais desse gênero pouco explorado no país

O Fito reuniu artistas nacionais e grupos vindos da Alemanha, Argentina, Espanha, França e Holanda. Ao todo foram 75 apresentações na segunda edição do festival na cidade que foi a primeira a sediar o evento, em setembro do ano passado.

Além de dar nome ao festival, a palavra fito vem do verbo fitar, que significa olhar atentamente. Quem dá essa explicação, que faz todo sentido, é a idealizadora do projeto, a produtora pernambucana Lina Rosa. "A ferramenta básica para o ator conduzir essa arte é o olhar atentamente para o objeto, assim como a plateia tem essa ferramenta para poder acompanhar os espetáculos e serem tocados por eles", afirma a curadora do evento.

O teatro de objetos, como gênero teatral, surgiu na Europa no fim dos anos 70, sendo o primeiro festival realizado na França, em 1983. O artista Paulo Fontes, do Grupo de Teatro gaúcho Gente Falante, diz que o teatro de objetos é o gênero de formas animadas menos conhecido. “É um teatro com uma linguagem muito provocadora e muito pouco conhecida. Para quem trabalha a muitos anos com teatro de formas animadas e um desafio maravilhoso pois o objetos tem um potencial lúdico muito maior do que o boneco” , conta. Para o Fito,o grupo trouxe o espetáculo Louça Ciderela, uma montagem do famoso chá das cinco inglês em que uma xícara se transforma na gata borralheira do clássico infantil.



Paulo Fontes, do Gente Falante, encanta o público com "Louça Ciderela"

Um homem, o Duque Hosaig, que carrega o mundo nas costas, é simbolizado numa estrutura bizarra. É a Automákina – Universo Deslizante, espetáculo do Grupo de Pernas Pro Ar, de Canoas/ RS. Com três anos de desenvolvimento , a “automákina” foi contruída para ser um universo móvel, embalada com som metálico e interferida por um personagem intrigante. “Aqui tem todos os elementos que o homem precisa para viver, com simbolismos dos objetos do cotidiano”, revela Luciano Wieser, o ator que executa o espetáculo.


A "Automákina - universo deslizante", do grupo gaúcho de Pernas pro Ar

Duas chuteiras é um clássico do futebol entre Brasil e Argentina. Utensílios domésticos viram uma tribo que pratica sacrifícios com legumes. A guilhotina da Revolução Francesa não assusta tanto, já que as vítimas são pedaços de papel. Com essas e outras intervenções, o grupo paulista XPTO arrancou gargalhadas e mexeu com imaginação do público.



Apresentação do grupo paulista XPTO no Fito BH (Imagens: Paolo Xavier)

Para a professora universitária Maria Tereza Pinho, 61 anos, os artistas do Fito exploraram muito bem os várias formas de trabalhar o objetos. “Para mim a palavra que define o evento é criatividade. Você transforma um objeto de uso comum em arte. Com objetos da nossa rotina você extrapola, cria o que quer com aquilo”,reflete.

O publicitário Marcelo Pessoa, 32 anos, reconhece o talento dos artistas e as peculiaridades que o teatro de objetos possui. “Ao mesmo tempo que você tá vendo uma esponja de uma forma, uma criança está vendo de outra forma. Então você tem que explorar várias conotações no mesmo espetáculo.O publicitário, ele mesmo sendo artista, imagina o sentimento de quem se dedica a esse tipo de teatro. “Trabalhar com objetos é muito difícil mas os aplausos são gratificantes”, revela.

Diante dos objetos animados, o encantamento deixa sentimentos surgirem , as vezes, do fundo da lembrança. Diante de um grande de saca rolhas que dança suspensa no ar, o vigilante Valdete dos Santos, de 58 anos, volta no tempo. “Essa coisa aí rodando, o festival todo, me faz voltar aos tempos de criança... Muito bom!”

Cadeiras e outros objetos gigantes fizeram parte do cenário da Serraria Souza Pinto

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